sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma inversão de valores na igreja cristã

Hoje temos mais uma palavra compartilhada, através do nosso irmão Vinícius Moura. Sejam edificados!

Uma inversão de valores na igreja cristã
(postagem de Vinicius Moura publicada em 19/06/2012 no blog www.desafiodesercristao.blogspot.com  )

É uma tremenda inversão de valores a forma como os supermercados tratam seus clientes quando eles chegam nos caixas. As pessoas que compraram menos têm filas rápidas e são liberadas logo, já aqueles que compraram bastante, ficam muito tempo esperando. Ora, pelo que sei, a regra do comércio manda que quem compra mais deve ter tratamento preferencial. Por que os supermercados funcionam ao contrário?

O fato é que acabamos nos acostumando - no caso dos supermercados, já questionei dezenas de caixas e todos sempre me olham com cara espantada - e até deixamos de criticar o que está ocorrendo.  

Mas quando a inversão de valores contamina a própria igreja cristã, o efeito pode ser desastroso. Vejamos alguns exemplos:

O culto é para quem?
É comum, ao sairmos de um culto, as pessoas comentarem como foi a cerimônia. E é interessante observar que os comentários sempre vrsam sobre se a cerimônia estava ou não de acordo com o gosto ou as necessidades das próprias pessoas.

Ora, o culto é, antes que tudo, uma cerimônia de adoração e louvor a Deus. Logo, por que ninguém nunca pergunta, ao final do culto, se Deus se agradou do que foi feito?

Infelizmente houve uma inversão de valores e o culto passou a ser focado nas pessoas. As igrejas pensam ser preciso atrair a atenção e entretê-las usando todo tipo de recurso, para poder competir com vantagem contra a Internet, a televisão, os shows artísticos, etc.

E as distorções geradas são enormes: pastores deixam de abordar nas suas pregações temas impopulares, como "pecado" e "inferno"; os cultos viram verdadeiros shows, cheios de efeitos visuais, onde as "estrelas" passam a ser os pregadores e o pessoal do louvor, não mais Jesus Cristo; e por aí vai. 

Quem deve influenciar quem?
Existe uma permanente tensão entre igreja cristã e sociedade secular, a respeito de quem deve ter mais influência

Não há dúvida que a igreja precisa sofrer alguma influência da sociedade. Por exemplo, quando eu era pequeno, as igrejas passaram a aceitar guitarras e baterias no louvor, para tornar a música mais adequada ao gosto das pessoas. E não há qualquer problema nisso.

Mas a igreja cristã não pode mudar a ponto de desvirtuar o testemunho que precisa dar para o mundo. Mudar  apenas para não ser vista como conservadora e/ou não ter uma imagem antipática é uma inversão muito perigosa das coisas. E vemos tal tipo de coisa acontecendo muito nas discussões de temas como aborto, casamento homossexual, limites da honestidade, etc.

Jesus nos disse que deveríamos ser “o sal da terra”, ou seja precisamos transmitir "sabor". E isso somente acontecerá se lutarmos para que os ensinamentos cristãos modifiquem a sociedade. 

Essa é a vocação da igreja e muito cristãos fizeram isso ao longo da história: Wilberforce levou a Inglaterra a abolir a escravidão, lutando contra forças muito poderosas; Madre Teresa influenciou mudanças nos direitos civis na India, enfrentando costumes milenares; e Wesley minimizou chagas sociais, como o alcoolismo e o abandono das crianças, contra a vontade do capitalismo selvagem da sua época.
Quando a igreja iguala seu discurso ao da sociedade, essa última sai ganhando. Sempre. Afinal, a sociedade tem muito mais recursos e criatividade em saber como agradar as pessoas. 
Quem está a serviço de quem?
Algumas igrejas defendem a tese de que temos direitos perante Deus, por causa das promessas que Ele teria nos feito. Basta ter fé e reivindicar para se apossar. E tome de prosperidade para todos, saúde garantida, etc.

Ora, fico me perguntando: afinal, quem serve a quem? Somos nós que precisamos ser os servos fiéis d`Aquele que nos criou e nos dá sua Graça de forma livre? Ou é Ele que está aí para nos servir nas nossas necessidades? 

É claro que não somos mais do que servos e somente pela Graça temos acesso a Deus, apesar dos nossos pecados. Qualquer coisa além disso, é uma inversão total do papel que nos foi atribuído pelo próprio Deus.
Conclusão
Inversões, como as que comentei acima e outras mais, estão debilitando a igreja cristã. É isso que está acontecendo com as igrejas protestantes ditas liberais nos Estados Unidos, algumas hoje reduzidas à metade do que já foram e que viraram motivo de chacota da imprensa.

Posturas "politicamente corretas", "práticas de marketing modernas", "administração focada em objetivos" e outras coisas do tipo acabaram virando armadilhas para o cristianismo. 
A igreja cristã somente executa seu papel quando incomoda, denuncia, enfrenta o que está errado, enfim quando mostra um caminho diferente para as pessoas. Quando não é assim, ela fica irrelevante, ou como disse Jesus, vira sal insípido, que apenas serve para ser jogado fora.