quarta-feira, 23 de maio de 2012

No princípio era o verbo...


Rapidez e efemeridade são palavras-chave do mundo contemporâneo. O tempo é cada vez mais escasso e as relações tornaram-se superficiais. No mundo do fast, algo se perdeu e é esta perda que me incomoda, e a partir disso nasceu a obra “No princípio era o verbo”. A loucura atual fez com que o homem perdesse algo essencial: a ligação com o eterno e o divino.
É essa necessidade que gostaria de resgatar através da arte.
Sugerindo um clima de catedral, dois grupos de painéis de seda são colocados pendendo do teto. Lembrando vitrais, eles formam várias ogivas, cada uma com uma palavra das frases “E se fez...” e “No princípio era o verbo”.
As janelas da Ogiva são os olhos da igreja por onde a luz ilumina e traz revelações, luz que penetra na igreja de fora para dentro, revelando o interior e a luz que emana de dentro para fora, com seus tons dourados, lembranças dos céus.


A simbologia do templo é apenas uma proposta. O contato com o eterno é fundamental nas relações humanas, e ele deve ser coerente e verdadeiro.
Tudo o que se cria é por um verbo. O princípio de todas as coisas já estava ali, inclusive da arte. A experiência religiosa da obra se dá na união do ver e do ler: imagem e palavra formam a proposta simbólica da instalação. Não é preciso ser erudito para instigar-se e envolver-se com a arte. A sensibilidade e a percepção está em todos.
Sentir é ver e ver é ler. Um verbo depende do outro e cada pessoa sente de maneira diferente, dependendo da relação de cada uma com o mundo e com Deus.